MERCADO IMOBILIÁRIO:CENÁRIO ATUAL
- Meire Castro
- 3 de dez.
- 5 min de leitura

O mercado imobiliário no Brasil hoje (com a SELIC em patamares elevados) vive um momento de tensões, mas também de certa resiliência. Aqui vai um panorama do que se sabe atualmente — prós, contras e como os bancos estão encarando o crédito imobiliário.
O que está indo bem — a resiliência do mercado:
Apesar dos juros altos, o setor imobiliário vem registrando números bastante positivos. No 3º trimestre de 2025, por exemplo, houve crescimento nos lançamentos e nas vendas: foram cerca de 108,8 mil unidades lançadas no trimestre, elevando o acumulado do ano para ~307 mil, e vendas que totalizaram ~312 mil unidades no ano. CBIC
No primeiro semestre de 2025, o mercado também bateu recordes — com crescimento nas vendas e lançamentos residenciais mesmo com a SELIC elevada. Autimob+2celere-ce.com.br+2
Parte dessa dinâmica é explicada pela demanda habitacional reprimida, o desejo de muitas famílias pela casa própria e também pelo apelo de imóveis de médio e alto padrão, que têm menor dependência de financiamento bancário. celere-ce.com.br+2Cimento Itambé+2
Além disso, programas habitacionais e subsídios públicos — como os do Minha Casa Minha Vida (ou seus sucessores/substitutivos) — continuam desempenhando papel importante para manter a demanda, especialmente em faixas de renda mais baixa. Autimob+2Serviços e Informações do Brasil+2
Em resumo: o mercado não “desabou”. Apesar das dificuldades, há compradores — sobretudo quem não depende exclusivamente de crédito — e construtoras/investidores bem capitalizados.
Pressões e desafios — juros altos e crédito mais caro:
A SELIC, que já atingiu 15% ao ano, torna o financiamento imobiliário mais caro. Isso encarece as parcelas e reduz a atratividade de financiamentos por bancos ou pelo mercado tradicional. Contadores+2Jornal do Brasil+2
Como consequência, cresce o interesse por alternativas ao financiamento tradicional, como consórcios imobiliários — modalidade sem juros (embora com taxa de administração), que passou a ser vista como uma opção mais acessível por quem busca imóvel. BM&C NEWS+1
Alguns analistas estimam que, com a SELIC alta, o volume total de financiamentos bancados por poupança — um dos pilares do crédito imobiliário no Brasil — deve recuar de 2024 para 2025: de ~R$ 186,7 bilhões em 2024 para algo entre ~R$ 155 bilhões em 2025, recuo de ~15–20%. JC+2Investing.com Brasil+2
A oferta de crédito pelos bancos, especialmente por meio de poupança, sente os efeitos da desvalorização da captação via poupança, o que afeta diretamente a concessão de financiamentos imobiliários. abrainc.org.br+2Abecip+2
Ou seja: para quem depende de financiamento, o momento exige mais cautela — parcelas mais altas, mais exigências de entrada, e condições menos estimulantes.
🏦 Como os bancos e o sistema de crédito imobiliário estão reagindo:
Segundo a Abecip (associação de entidades de crédito e poupança), no início de 2025 o crédito imobiliário para pessoa física ainda não teve impacto drástico, mas já mostrando sinais de desaceleração: crescimento de ~20% nos primeiros três meses, mas a expansão caiu para ~11% entre janeiro e maio. Abecip+1
A previsão da Abecip para 2025 é de que o volume de crédito concedido ao final do ano supere R$ 120 bilhões — o que indica que, mesmo com a desaceleração, o crédito continuará expressivo. Abecip+1
Bancos e instituições financeiras, por sua vez, têm reajustado as taxas de financiamento imobiliário para refletir o ambiente de juros altos — o que diminui a capacidade de compra de famílias de classe média, por exemplo. Investing.com Brasil+1
Em contrapartida, há um movimento governamental para estimular o crédito e a habitação no Brasil: o governo recentemente apontou intenção de ampliar a participação do crédito imobiliário no PIB de cerca de 10% para entre 15% e 20% nos próximos anos. Serviços e Informações do Brasil Isso sinaliza que pode haver incentivos ou políticas públicas visando facilitar o acesso à casa própria no médio prazo. Serviços e Informações do Brasil
🔮 Perspectivas para os próximos meses:
Se a SELIC continuar elevada, ou subir ainda mais, é provável que o financiamento bancário fique ainda mais caro — o que tende a frear parte da demanda por imóveis financiados.
Nesse contexto, o mercado pode seguir polarizando: imóveis de alto padrão e famílias com recursos próprios tendem a continuar movimentando o setor; já o segmento da classe média dependente de financiamento poderá enfrentar mais dificuldades.
Alternativas como consórcio imobiliário ou programas públicos de habitação podem ganhar peso — especialmente para quem busca imóvel com orçamento mais apertado.
Ao mesmo tempo, se as políticas de estímulo ao crédito imobiliário se concretizarem, com incentivos do governo ou bancos, pode haver uma reconfiguração do mercado — mas tudo depende de estabilidade macroeconômica, inflação e de como evolui a SELIC.
✅ Minha leitura — o mercado está em um “momento híbrido”
Eu diria que o mercado imobiliário atual no Brasil vive um momento híbrido: nem euforia de boom, nem colapso — mas uma “ressaca”. Ainda existe demanda real por imóveis, grande procura por moradia própria e oferta de imóveis, mas o crédito caro e as incertezas econômicas fazem muitos compradores recuarem ou postergarem a compra.
Para os próximos 12–24 meses, com impactos diretos sobre preços, volume de vendas/lançamentos, comportamento dos bancos e recomendações práticas. As fontes são atualizadas sobre a SELIC, dados da Abecip e o avanço dos consórcios para fundamentar as estimativas. Agência Brasil+4Reuters+4Reuters+4
Resumo do ponto de partida (situação atual)
SELIC: 15% ao ano (pausada em patamar elevado nas últimas reuniões do Copom). Reuters+1
Abecip: expectativa de queda no volume de financiamentos em 2025 (projeções variando entre recuo moderado e recuo mais acentuado dependendo do período). Abecip+1
Consórcio: forte avanço como alternativa ao financiamento tradicional — crescimento expressivo nas adesões e contemplações em 2025. Abecip+1
Cenário A — Pessimista (SELIC permanece alta ~15% por 12–18 meses)
Premissa: Copom mantém a SELIC perto de 15% por longo período (pressão sobre inflação, cautela fiscal). Reuters
Impactos esperados (12 meses / 24 meses)
Financiamento bancário: queda acentuada no volume de financiamentos (–10% a –20% no primeiro ano), com crédito mais seletivo, maior exigência de entrada e spreads maiores. Abecip
Preços de oferta: pressão para moderação/estabilização; imóveis com excesso de preço demoram mais a vender (descontos mais frequentes em segmentos médios).
Lançamentos: incorporadoras retardam lançamentos que dependam fortemente de financiamento; priorizam projetos com pré-venda por parcela ou vendas à vista.
Consórcio/alternativas: forte migração de compradores para consórcios, permutas e compra direta com recursos próprios. Abecip
Cenário B — Base (SELIC alta agora, mas cai moderadamente para ~12% até o fim de 2026)
Premissa: Copom inicia cortes graduais em 2026; mercado já precifica expectativa de queda (Focus/analistas mostram projeção de redução no horizonte). Reuters
Impactos esperados (12 meses / 24 meses)
Financiamento bancário: desaceleração em 2025 seguida de recuperação gradual em 2026 — volumes estabilizam e retomam parcialmente (queda moderada anual, depois recuperação parcial). Abecip
Preços: leves ajustes em 2025 (nívelamento) e recuperação moderada em 2026 conforme juros recuam.
Lançamentos: incorporadoras mantêm cronograma, mas com maior cuidado (foco em produtos que vendam com menor dependência de financiamento).
Consórcio: continua relevante, mas com maior competição de crédito à medida que juros caem.
Cenário C — Otimista (SELIC cai rápido para <10% em 12 meses)
Premissa: inflação se acomoda, Copom sucessivamente reduz a SELIC para níveis próximos a 8–10% no horizonte de 12 meses (cenário mais favorável e dependente de evolução macro). Reuters+1
Impactos esperados
Financiamento bancário: forte retomada do crédito imobiliário, aumento no número de concessões e maior competição entre bancos por carteira imobiliária.
Preços: valorização moderada, retomada da confiança do comprador que depende de financiamento.
Lançamentos: aumento de lançamentos residenciais de médio padrão, projetos off-plan ganham tração.
Consórcio: crescimento desacelera em comparação ao boom que teve com juros altos, mas continua como alternativa.
Probabilidades:
Base (maior probabilidade): cenário B — a Selic tende a cair gradualmente em 2026 (expectativa de analistas), portanto recuperação moderada do crédito.
Pessimista: possível se inflação surpreender ou se houver choque fiscal — mantém Selic alta por mais tempo.
Otimista: depende de desinflação mais rápida e bom ambiente fiscal — menos provável, mas possível.

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